segunda-feira, 29 de março de 2010

A Grande Final do Circo Midiático

Pois bem caros amigos amanhã (30 de março de 2010) será o dia de mais uma grande final do Big Brother Brasil, edição de número 10. Além da emissora responsável pela veiculação do programa na mídia, outras tantas dedicam boa parte de sua programação, monstrando os bastidores e a expectativa do público sobre quem será o vencedor. Jornais e revistas semanais também irão empenhar-se na cobertura da decisão que irá revelar o "novo herói nacional".



No último dia 25 a justiça brasileira descobriu no exterior contas abertas em um paraíso fiscal, mais precisamente na Suiça, em nome de uma empresa controlada pelo empresário Maranhense Fernando Sarney. Aproximadamente R$13milhões de reais cujo a origem nem o primogênito preferido do nosso "grande senador" sabe mencionar, tão pouco os seus comparsas (ops) sócios.



As chances dessa e de outras volumosas quantias serem oriundas de operações fraudulentas, evasão de divisas e lavagem de dinheiro são de quase 99,9%. A Polícia Federal juntamente com o Ministério Público poderá nas próximos dias indiciar o empresário juntamente com toda a sua trupe e obrigá-los a devolver essa quantia para o seu local de origem, os cofres públicos.



Sim, esse fato será noticiado pela grande imprensa, obviamente em segundo plano, primeiro o vencedor do BBB10, seguido da próxima presa do José Mayer no folhetim noturno, a balada do baladeiro corinthiano Ronaldo e as peripércias pela noite carioca do jogador do Flamengo Adriano, O Imperador. E assim queridos amigos parafraseando Chico e Caetano, "a gente vai levando".

A "Googletização" De José Da Silva

José da Silva Santos de Souza, acorda as 6:00 horas da manhã através de seu despertador digital que contém varias opções sonoras, entre elas um galo, motor de fusca 66 e um berrante.

Para sair do seu apartamento José precisa recordar-se das senhas do elevador, código binário para entrar na garagem, para sair do prédio e a identificação do DNA na câmera de segurança. Segue rumo ao seu trabalho antenado no seu MP5000, sintonizado ao noticiário que prossegue sobre as mais diversas informações de todos os gêneros, esportes, política, economia, educação, costumes e religião. Durante o percurso até o trabalho além do MP5000, Zé recebe informações no seu aparelho celular Nokia 15.999999999, através de mensagens de texto, aproximadamente 20, com tarefas do dia, atualizações necessárias para o trabalho e opções de diversão para o próximo fim de semana.

No trabalho são mais quatro senhas, uma para entrar no prédio, outra para entrar na empresa, a seguinte para adentrar ao setor e a última para ter acesso ao sistema, após todo o processo para a memorização das senhas está pronto para iniciar a sua função. Com a obrigação de manter-se informado, José lê três jornais de grande circulação e 2 de abrangência regional, acessa dois portais de noticias, atualiza cinco contas de email, dois pessoais e três destinadas ao seu trabalho. Durante o expediente atende cerca de 100 telefonemas, oferece suporte pessoal para 10 ou 15 pessoas e é encarregado de finalizar a planilha para as tarefas de todo o departamento para o dia seguinte.

No percurso de volta para casa, Zé precisa recordar-se da senha para o pagamento da mensalidade da escola dos filhos, contas do lar e as compras do dia. Durante o jantar feito na companhia do casal William Boner e Fátima Bernardes, Zé fica sabendo das noticias do dia, queda da bolsa de valores, assalto seguido de morte em um semáforo próximo da sua residência, crianças molestadas por um maníaco que atraia suas vitimas através da internet, corrupção no governo, ataques terroristas no Oriente Médio e derrota do seu time no fim de semana. Logo em seguida o novo folhetim de Manoel Carlos. Zé imagina como deve ser boa a vida de um dos personagens principais vivido pelo ator José Mayer, rico, bonito, agarrando a Tais Araujo, quem dera se a dele e de milhões de brasileiros fosse assim.
Após o jantar sua esposa reclama da sua ausência últimos eventos e celebrações familiares. Ao se deitar após o dia atribulado tenta recordar-se da última vez que realmente teve paz em toda a sua rotina de bom pai de família e rapaz trabalhador.

Na ausência de opções para diminuir as angustias do dia, José da Silva resolve divertir-se em jogos eletrônicos, e em trocas de mensagens on-line. Antes de ir dormir não pode esquecer de programar o seu despertador digital e escolher qual será a trilha sonora para acordá-lo

O bombardeio de informações ao quais todos nós somos submetidos, senhas para todos os tipos de serviços, nos remete ao pensamento filosófico sobre as origens e as razões de nossa existência. Na pré - história o homem vivia da caça predatória a mulher tinha como missão educar os filhos e preparar os alimentos. O avanço tecnológico a partir do século XX , nos transformou assim como Zé em “prisioneiros tecnológicos”, e totalmente dependentes de todo o tipo de parafernália eletrônica.

No dia 10/11/2009, o “apagão” gerou em José Da Silva Santos De Souza um pensamento de como seria se não tivéssemos a disposição tantos adventos tecnológicos pós - modernos para nos facilitar no dia-dia, para José ficou uma sensação de que ao menos o dialogo familiar estaria de volta nos lares brasileiros.

Alexandre Souza é jornalista, escritor e posta os seus artigos no blog:
http://conversadebuteco-alexandre.blogspot.com/