quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Retratos de um certo"João Ribeiro dos Santos"

Rio de Janeiro 15 de junho de 1984

Nascia nessa data João Ribeiro dos Santos, primeiro filho do casal, José Ribeiro e Maria Dos Santos. Moradores da Zona Norte do Rio, mais precisamente na Vila Cruzeiro próximo á Igreja de NSRA Da Penha.

Desde a chegada de seus pais, avós do pequeno João, o jovem casal aprendeu desde muito cedo a lidar com as dificuldades ocasionadas pela falta de oportunidades e pela grave crise econômica atravessada pelo país nesse que seria o último ano de um Militar como Presidente do Brasil.

Mesmo com todas as desvantagens, tanto José quanto Maria, esforçavam para oferecer o que existia de melhor para o primogênito. José dava duro trabalhando como pedreiro e a mãe fazia bicos como lavadeira em bairros da Zona Sul carioca. Os anos se passavam e as dificuldades aumentavam e para o jovem João, então com 10 anos, a realidade socioeconômica dos pais já era enfrentada com bicos (trabalhos esporádicos)em feiras e estacionamentos de comunidades próximas.

Ao despertar de uma manhã, no dia 18 de junho de 1998, João no auge de sua adolescência, ao deparar-se com alguns amigos da comunidade vestidos com roupas de grifes famosas e tênis de marca importada, resolve questioná-los sobre a origem dos bens de consumo: "Pô meu irmão, onde tu descolou esses panos maneiros? Joãozinho, compramos com o dinheiro daquelas paradas de vendas no baile funk semana passada"

O poder se sedução imposto pelo consumismo, gera em João curiosidade e uma sensação de impotência perante o desejo de usufruir de tudo o que o dinheiro pode oferecer. Em outras palavras, ostentação, desejo e vontade. Pronto, essa mistura é suficiente para convencer João a ingressar no "lucrativo comércio" e com os frutos dos dividendos ajudar os pais no sustento da casa e na criação dos irmãos.

Fim, pelo menos para o nosso personagem, pois com a ocupação das forças de segurança comandadas pelo Governador do Rio de Janeiro, ou melhor, "Exterminador do Futuro" Sergio Cabral, João foi morto após confronto com Policiais Militares. Deixou como herança um filho, dois irmãos e mãe viúva. Para o poder público, João é apenas mais um em meio a tantos outros flagrados em fuga pelo helicóptero da Rede Globo. Para Dona Maria e seus irmãos João era o alicerce para o sustento do lar.

Em meio ao "tiroteio" de opiniões diversas como, por exemplo, "bandido tem que morrer", ou "traficante bom é traficante morto", podemos lançar uma proposta; façamos um resgate da história de tantos outros jovens: se não houvesse o abandono gritante do poder público e distância dos meios de comunicação, por certo a trajetória de tantos Joãos, Marias, Josés, Marcios e Fernadinhos poderia ser diferente ou talvez, com mais opções de escolha se não o tráfico e a criminalidade. Porém o jogo de poder e a indústria midiática não oferecem essa abordagem, sim muito mais lucrativo e benéfico para audiência é a "guerra entre mocinhos e bandidos", que vença o melhor e o mais bem preparado, o justo, honesto e corretíssimo "sistema".


Alexandre Souza, jornalista e escritor

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Enfim, Dilma

Patricia, Vania, Angela, ou melhor Dilma Vana Roussef, mulher de passado brilhante e corajoso, enfrentou três eternos anos de cadeia e tortura sem entregar nenhum companheiro de luta. Ao sair da prisão no ano de 1974 mergulhou nos estudos, formou-se em econômia e nunca escondeu o seu passado, continuou a sua batalha por um Brasil mais justo, igualitário e democrático.

Primeira mulher após 200 anos de história a ocupar o cargo mais alto da política brasileira. Uma vitória não somente das mulheres, mais sim, de toda uma geração que vem ajudando na construção de um Brasil melhor.

Resta saber como a direita tradicional irá se comportar nos próximos quatro anos. Talvez tentativas de golpes com apoio de "conhecidos tablóides" podem estar pelo seu caminho. Porém nesse período de intensa liberdade de expressão, cabe aos que praticam o bom jornalismo, a tarefa de informar de maneira isenta e imparcial.

Alexandre Souza

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Tiririca, o herói do brasil

Tiririca, o herói do Brasil

Por Amélia Souza Tanos

Estamos no período pós eleição! As alianças para o 2º turno estão a todo vapor. Na TV, todos os canais transmitem reportagens iguais, exibindo curiosidades e estatísticas. O deputado federal mais velho, o mais votado, o menos votado, os mais inusitados, o comportamento do eleitor por região do Brasil, quantos padres, pastores, modelos, a nova cara do Senado, o retorno das velhas raposas, as jovens promessas.

Eis que de forma repentina o palhaço Tiririca, convoca a imprensa e discursa:


“Fui eleito com votação expressiva. Sou uma das novas caras do Congresso e represento o povo brasileiro, brada o comediante.” Apesar da legitimidade dos votos que me colocaram em Brasília, EU RENÚNCIO!


Tudo não passou de uma brincadeira, na verdade um teste para saber se o povo brasileiro leva a sério um assunto tão importante. Sou um homem simples e encontrei na comédia a oportunidade para melhorar de vida. Sou um palhaço sério, responsável e honesto. Não tenho talento para política. Gosto mesmo é de fazer graça na frente das câmeras de televisão, inventar bordões, canções de duplo sentido e piadinhas que a molecada repete na escola.Quero trabalhar na Praça é Nossa e no Zorra Total.


Política é coisa séria, não é palhaçada, fiz uma brincadeira, fui levado a sério e o povo tirou sarro do próprio País. O Brasil virou chacota e apostamos no bordão “Pior que tá num fica!” Minha missão foi cumprida. Consegui gerar discussões em diversas rodas da sociedade: barbudinhos de All Star da USP, patricinhas da FAAP, faxineiras no ponto de ônibus, madames no salão de beleza, desempregados e artistas.


Todos deram a sua opinião e discutiram pra valer. Da próxima vez não deixem que isso ocorra. Pensei em desistir na metade do caminho, mas a situação tomou proporções seriíssimas e fui obrigado a continuar. Em 2014 teremos novas eleições e outros Tiriricas aparecerão. Será que alguém vai perceber?

Por Amélia Souza Tanos

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Show de Calouros parte II

Por duas vezes prefeito de São Paulo (1969 - 1971) e (1993 - 1996), um mandato como governador (1979 - 1982) e recentemente Deputado Federal (2006 - 2010), eleito pelo mesmo estado, Paulo Salim Maluf não desiste.

Após ter a sua candidatura impugnada pela nova lei denominada "Ficha Limpa", o velho e bom Maluf impetrou um recurso TSE (Tribunal Superior Eleitoral), e enquanto não for julgado, sua campanha para reeleição ao cargo de Deputado Federal continua, para desespero de muitos e felicidade de poucos.

A lei que impede candidatos que tenham processos na justiça de se eleger já entrou em vigor e têm gerado país a fora diversas interpretações. O que ficou claro é que se houver algum processo em andamento, automaticamente a candidatura torna-se inválida.

No entanto, o nosso conhecido personagem possui, para o nosso espanto, algumas "cartas na manga", uma delas o STJ (Superior Tribunal de Justiça). Ainda é cedo para lançarmos essa hipótese, pois como é bem provável que o seu recurso receba um parecer negativo, com um recurso no supremo, espaço onde historicamente Maluf sempre gozou de boas relações, poderia devolver o seu "direito" de concorrer novamente a uma vaga na câmara dos deputados em Brasília.

Fica a seguinte questão? Como será realizado o processo de validação ou não da candidatura se as eleições já tiverem ocorrido?

O "malufismo” (termo criado para nomear pessoas que votam no Paulo Maluf) segue vivo como uma religião para muitos dos paulistanos.

Sugestão: Antes do dia 3 de outubro, façam uma pesquisa com o nome do presidente do PP (Partido Progressista) em sites de pesquisa sobre processos que correm na justiça eleitoral e na justiça comum. Se o resultado for positivo, o que é bem provável pense bem antes de nomear mais um representante do nosso estado, digamos “com alguns processos na justiça"

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Show de "Calouros" Parte I

Dia 17 de agosto de 2010, começa a propaganda eleitoral gratuita. Figuras conhecidas no cenário político nacional irão enfeitar a nossa tela por aproximadamente 43 dias seguidos, sem interrupção.

Segue abaixo uma pequena lista dos nomes de alguns candidatos bem conhecidos: Marcelinho Carioca (ex- jogador de futebol), Aguinaldo Timóteo (cantor), Adilson Maguila (ex-pugilista) Moacir Franco (cantor e apresentador), Ronaldo Esper (estilista) entre tantos que ainda irão aparecer no famoso "show de calouros"

Política, segundo Marilena Chauí, filósofa e pesquisadora é a prática de governar estando de acordo ou talvez mais próximo do ideal e do bem comum. Quando abordamos ou inserimos o termo política de forma banal e despretensiosa, estamos abrindo mão do direito que nos foi concebido que é o de guiar os destinos e o rumo que a nossa nação irá seguir durante os próximos quatro anos. Perguntemos a algum dos nossos famosos candidatos, quais são as funções, obrigações e direitos que um parlamentar tem ao ser eleito? Ou melhor. Qual é o seu principal projeto caso seja eleito?

É bastante provável que respostas plausíveis sejam lançadas, pois, todos de acordo com o manual do "bom candidato" devem estar bem orientados em caso de objeções sobre o objetivo de sua candidatura.

Não pretendo com esse texto influenciar o voto de quem por ventura perca alguns segundos para ler esse artigo opinativo. Porém, no momento em que estivermos diante das urnas lembrem-se que o candidato escolhido irá representá-lo por quatro anos com projetos de leis e emendas constitucionais. A internet é uma ótima ferramenta para poder acompanhar durante o mandato, quais foram os projetos e emendas apresentadas pelo seu escolhido. E se por acaso se depararem diante de algum "Tiririca" como candidato, pergunte e questione se existe algum projeto de que esteja na pauta da sua candidatura.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Concessão "eleitoral" para rádios de todo o Brasil

Pode até ser mera casualidade, mais não é muito estranho a enxurrada de renovações de concessões de rádios em todo o Brasil? Justamente no período em que antecede as eleições para Deputados Federais e Estaduais, Senadores e Presidente da República.

Somente no mês de julho e junho mais de 190 renovações ocorreram. A justificativa apontada pelo Ministério das Comunicações é de que houve contratações de novos funcionários e isso agilizou processos que estavam em andamento a mais de dois anos.

O que causa digamos algum constrangimento é o fato de algumas das emissoras estarem sobre a batuta de sobrenomes famosos da nossa política como Sarney, Magalhães, Mello entre tantos outros. Existe uma lei que regulamenta esse tipo de serviço, e de acordo com o seu conteúdo, fica extremamente proibido fazer uso de veículo de comunicação pública registrado em seu nome para propaganda política e eleitoral.

Resta ao Ministério Público e ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) uma investigação sobre o aumento repentino de renovações para que não sejamos mais uma vez vítimas dos mesmos figurões que circundam o cenário político nacional.

domingo, 1 de agosto de 2010

Lei da "mordaça" parte II

A lei eleitoral que proíbe programas humorísticos de rádio e TV de abordar os candidatos através de sátiras e piadas tem gerado muitos protestos por parte das emissoras e das produções dos programas.

O argumento usado para aprovação da medida pelo tribunal eleitoral é o de impedir que o tema eleição fosse visto de forma banal, e que determinado candidato (a) não fosse ridicularizado perante as câmeras de TV e pelas ondas sonoras. Na próxima semana começa a propaganda eleitoral gratuita, observemos o seguinte detalhe: irão começar toda a série de acusações e difamações, com o intuito de desmoralizar os candidatos perante o público.

Vamos seguir uma linha de raciocínio: O objetivo da propaganda eleitoral é esclarecer o eleitor e auxiliá-lo na sua escolha, se ao invés de apresentar propostas os candidatos ficarem trocando farpas e acusações, o eleitorado irá permanecer sem a devida orientação, a banalização e riducularização dos candidatos vão permanecer a mesma.

Essa medida além de ser anticonstitucional só irá promover a mudança no modo de comunicação, dessa vez às desmoralizações vão partir direto do seu local de origem, a produção dos programas eleitorais gratuitos.

Alexandre Souza, jornalista e escritor

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Voltei !!!!

Meus queridos amigos, estive um período ausente devido a a falta de tempo para postar textos e artigos. A partir desse próximo final de semana, o blog conversa de buteco terá uma atualização semanal sobre os bastidores da corrida presidencial.

Espero contar com a participação de todos. Aos que me conhecem sabem o quanto é importante a opinião sobre o conteúdo e qualidade dos textos postados.

Boa noite a todos e um ótimo dia de trabalho

Alexandre Souza

sábado, 19 de junho de 2010

Quirguistão, guerra e destruição

Dia 11 de junho de 2010, o mundo inteiro tem os olhos voltados para a África do Sul,vai começar o tão esperado campeonato mundial de futebol, organizado pela FIFA.

Enquanto a jabulani (bola de futebol) rolava com desenvoltura pelos gramados do país sede, no Quirguistão um conflito entre uzbeques e quirguizes deixou pelo menos 1000 mortos, um saldo de destruição e milhares de refugiados.

Região de grande instabilidade política, os países que pertenciam a ex União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, desde o ano de 1991, após muitos declararem independência, buscam uma maior representatividade no cenário mundial e o crescimento econômico. Crises que geram conflitos como o que atinge a maioria usbeques é assistido de camarote pelas grandes potências e não raro, como veremos pela ONU (Organizações das Nações Unidas).

Por exemplo: Qual seria o interesse hegemônico dos norte americanos de interferir em um conflito dessa proporção e nessa região? Ou um país como a Inglaterra que até pela posição geográfica teria melhores condições de interferir?

Desde o a queda do Muro de Berlim, os países do Leste Europeu que seguiam o exemplo soviético passaram por grandes transformações que acalentam em seu contexto histórico o estereótipo de serem considerados pela Europa Central como a "esquina do mundo", termo usado para identificar nações subdesenvolvidas em pleno continente europeu.

O mesmo processo ocorre com as nações da ex-cortina de ferro, o detalhe é que os órgãos da imprensa estrangeira também não conseguem cumprir sua missão de informar e denunciar atos de tal esfera, pois se trata de uma região não muito interessante comercialmente de manter um correspondente internacional. Muito mais "viável" é aguardar material noticioso das agências internacionais que se destinam a uma cobertura distante baseada em depoimentos muitas vezes de fontes duvidosas.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Higienização Social: da Africa do Sul ao Centro de São Paulo

Na última terça feira (08/06/2010) o jornal Folha de S.Paulo publicou uma matéria no caderno de esportes sobre o processo de construção dos estádios de futebol que receberiam jogos da copa do mundo de 2010. A abordagem em torno do assunto foi realizada através de um levantamento sobre moradores que tiveram suas residências desapropriadas para que os palcos futebolísticos pudessem ser construídos.

Esses mesmos munícipes foram alocados em lugares muito distantes dos grandes centros em condições de moradia muito inferiores. Herdeiros do antigo sistema que discriminava e restringia o acesso aos serviços e benefícios oferecidos aos negros em relação aos brancos, nos demonstra que esse método de discriminação na teoria teve fim, mais na prática veremos que persiste até hoje, não somente na África do Sul mais em outras regiões, de forma disfarçada.

Durante a visita do Papa Bento XVI no Brasil no ano de 2007, a região destacada para receber Vossa Santidade foi o Centro de São Paulo. Área de grande movimentação e comércio popular que tem no seu contexto diário um grande contingente de vendedores ambulantes, flanelinhas, moradores de rua e menores abandonados.

Eis que, para a surpresa daqueles que circularam pelo Centro de São Paulo, no mês de junho de 2007, praticamente nenhumas das figuras que se tornaram comum na região seria facilmente encontrada. A sensação era de que em um simples passe de mágica nenhuma criança fosse vista inalando cola, moradores de rua encontraram um lar, vendedores ambulantes com emprego e carteira assinada e flanelinhas exercendo outra atividade.

O mesmo processo ocorrido na África do Sul se passou em São Paulo, a diferença é que no país sede da copa do mundo, essa "higienização social" se deu de uma forma declarada e com a autorização da entidade organizadora do mundial.

Em São Paulo a "limpeza" foi feita nos dias que antecederam a visita do Papa, crianças abandonadas foram recolhidas na fundação casa, vendedores ambulantes extremamente proibidos de trabalhar, e finalmente os moradores de rua alguns nos albergues e os demais em outro tipo de abrigo, um prédio com direito a grades, policiais armados e carcereiros, a cadeia.

Alexandre Souza, jornalista e escritor

terça-feira, 1 de junho de 2010

Terror autorizado pela ONU

Mais um ato terrorista desta vez cometido sobre os olhares dos EUA e com autorização prévia da ONU (Organização das Nações Unidas), pelo Estado De Israel chocou a opinião pública mundial e a comunidade árabe.

Desta vez as vítimas não eram da faixa de gaza ou libaneses e sim integrantes de uma comitiva em missão de paz que tentava furar o bloqueio imposto pelo exército israelense, para levar ajuda humanitária aos palestinos isolados do continente pelo efetivo judeu.

Desde a criação do Estado de Israel, no ano de 1948, após a segunda grande guerra mundial, a região tem sofrido com a estabilidade política, ocasionada por constantes conflitos que colocam frente a frente o exército sionista e a população árabe. No início da década de 90, um possível acordo de paz chegou a ser configurado entre os líderes da época Yasser Arafat pelo lado palestino e Ariel Sharon pelo lado israelense.

Fica a seguinte questão: Se um acordo de paz colocar fim ao conflito que já dura mais de 50 anos, e fosse criado um Estado Palestino na faixa de gaza, como ficaria o "lucrativo comércio" de tecnologia bélica fornecido historicamente pelo governo estadunidense ao Estado de Israel? Resta saber até que ponto é interessante no que diz respeito a geopolítica mundial a estabilidade na região e a paz entre árabes e judeus.

No inaceitável ataque ocorrido na semana anterior que vitimou dez pessoas e chocou a opinião pública, todas essas questões voltaram a ser discutidas pelos líderes mundiais. Uma investigação criteriosa se faz necessário para apurar as responsabilidades, impor limites ao governo de Israel e trazer de volta as discussões para um cessar fogo que possa proporcionar paz à região.

Alexandre Souza, jornalista e escritor

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Herança Maldita

No último mês de abril um caso de tortura envolvendo policiais militares em um batalhão na Zona Norte de São Paulo, resultou na morte do motoboy Eduardo Luiz Pinheiro de Souza de 30 anos. O caso inicialmente fora registrado como uma ocorrência de acidente, fato esse armado pelos policiais para despistar as autoridades e fazer passar por uma fatalidade.

Quase que simultâneo a esse fato, o STJ (Supremo Tribunal de Justiça) não acatou o pedido da OAB para rever a lei de anistia aprovada no ano de 1979. Os autos do decreto mencionam que a partir daquela data todos os crimes cometidos por agentes do governo em nome da então chamada "segurança nacional" seriam perdoados e os abusos como sequestros, torturas, extorsões, perseguições e mortes não acarretaria nenhum tipo de punição.

A tortura institucional promovida de forma livre e com a cobertura dos órgãos do governo deixou para sempre na história do país um rastro de impunidade e injustiça. Todos presos políticos que desapareceram de forma "misteriosa", tiveram como justificativa os mesmos argumentos usados para ocultar mais um ato covarde, como no caso descrito acima de forma acidental.

Os métodos usados para exercer tal barbaridade constituem um sistema bárbaro e cruel, um crime que poderia ser punido de forma exemplar. Imagine ser açoitado sem direito a defesa ou julgamento por instrumentos de choque, simulação de afogamento, golpes em todas as partes do corpo sem deixar marcas evidentes, introdução de objetos nas partes íntimas e o uso de chantagem psicológica para confundir a vítima.

Enquanto os arquivos secretos dos órgãos do governo, responsáveis pela ordem pública dirante o regime militar (1964-1985), Dops, Oban e exército não forem vasculhados e investigados e os responsáveis pelos crimes não forem punidos, essa herança cruel e sanguinária continuará sendo utilizada, tendo dentro do seu sistema de escolha jovens oriundos das periferias das grandes cidades e marginalizados da economia. Não nos esquecemos que outros casos permanecem impunes como o crime do Bar Bodega que acarretou a prisão de dez inocentes e com confissão assinada sobre efeito de tortura.

domingo, 25 de abril de 2010

Maionese estragada

O comentário do Deputado Federal Ciro Gomes a respeito da competência da pré candidata Dilma Roussef a presidência da república, recai sobre o histórico de frases polêmicas do ex-presidenciavel cearens. No ano de 2002 ao afirmar que o futuro governo Lula seria uma aventura para o Brasil, Gomes caiu em contradição, pois anos depois participaria da então aventura como Ministro Da Integração Social.

Frases de efeito em período pré-eleitoral fazem parte do arsenal usado pelos candidatos para chamar atenção da mídia. Outrora outras figuras públicas da política brasileira também caíram em desconfiança e descrédito ao afirmarem, acusarem e em seguida assumir posição de acordo com a tendência ou interesse em jogo, lembremos:

De Fernando Collor de Melo sobre José Sarney: "Corrupto, o pior presidente que o Brasil já teve"(eleições de 1989), de Paulo Maluf sobre Marta Suplicy: "Nem o seu programa tinha audiência como a senhora quer governar São Paulo"(eleições de 1998), de Fernando Collor sobre Lula: "Semi-analfabeto o senhor não tem condições de comandar o país"(eleições de 1989).

Essas e outras passagens, se assim podemos dizer, da cena política brasileira deve ser sempre revista na hora em que estivermos diante das urnas. Essa é uma das únicas formas democráticas de darmos o nosso recado de que estamos cientes de tudo o que foi feito no último mandato de cada candidato e não iremos mais tolerar atitudes de infidelidade partidária e discursos evasivos feitos e elaborados de acordo com o que solicita a situação.

Alexandre Souza, jornalista e escritor.

segunda-feira, 29 de março de 2010

A Grande Final do Circo Midiático

Pois bem caros amigos amanhã (30 de março de 2010) será o dia de mais uma grande final do Big Brother Brasil, edição de número 10. Além da emissora responsável pela veiculação do programa na mídia, outras tantas dedicam boa parte de sua programação, monstrando os bastidores e a expectativa do público sobre quem será o vencedor. Jornais e revistas semanais também irão empenhar-se na cobertura da decisão que irá revelar o "novo herói nacional".



No último dia 25 a justiça brasileira descobriu no exterior contas abertas em um paraíso fiscal, mais precisamente na Suiça, em nome de uma empresa controlada pelo empresário Maranhense Fernando Sarney. Aproximadamente R$13milhões de reais cujo a origem nem o primogênito preferido do nosso "grande senador" sabe mencionar, tão pouco os seus comparsas (ops) sócios.



As chances dessa e de outras volumosas quantias serem oriundas de operações fraudulentas, evasão de divisas e lavagem de dinheiro são de quase 99,9%. A Polícia Federal juntamente com o Ministério Público poderá nas próximos dias indiciar o empresário juntamente com toda a sua trupe e obrigá-los a devolver essa quantia para o seu local de origem, os cofres públicos.



Sim, esse fato será noticiado pela grande imprensa, obviamente em segundo plano, primeiro o vencedor do BBB10, seguido da próxima presa do José Mayer no folhetim noturno, a balada do baladeiro corinthiano Ronaldo e as peripércias pela noite carioca do jogador do Flamengo Adriano, O Imperador. E assim queridos amigos parafraseando Chico e Caetano, "a gente vai levando".

A "Googletização" De José Da Silva

José da Silva Santos de Souza, acorda as 6:00 horas da manhã através de seu despertador digital que contém varias opções sonoras, entre elas um galo, motor de fusca 66 e um berrante.

Para sair do seu apartamento José precisa recordar-se das senhas do elevador, código binário para entrar na garagem, para sair do prédio e a identificação do DNA na câmera de segurança. Segue rumo ao seu trabalho antenado no seu MP5000, sintonizado ao noticiário que prossegue sobre as mais diversas informações de todos os gêneros, esportes, política, economia, educação, costumes e religião. Durante o percurso até o trabalho além do MP5000, Zé recebe informações no seu aparelho celular Nokia 15.999999999, através de mensagens de texto, aproximadamente 20, com tarefas do dia, atualizações necessárias para o trabalho e opções de diversão para o próximo fim de semana.

No trabalho são mais quatro senhas, uma para entrar no prédio, outra para entrar na empresa, a seguinte para adentrar ao setor e a última para ter acesso ao sistema, após todo o processo para a memorização das senhas está pronto para iniciar a sua função. Com a obrigação de manter-se informado, José lê três jornais de grande circulação e 2 de abrangência regional, acessa dois portais de noticias, atualiza cinco contas de email, dois pessoais e três destinadas ao seu trabalho. Durante o expediente atende cerca de 100 telefonemas, oferece suporte pessoal para 10 ou 15 pessoas e é encarregado de finalizar a planilha para as tarefas de todo o departamento para o dia seguinte.

No percurso de volta para casa, Zé precisa recordar-se da senha para o pagamento da mensalidade da escola dos filhos, contas do lar e as compras do dia. Durante o jantar feito na companhia do casal William Boner e Fátima Bernardes, Zé fica sabendo das noticias do dia, queda da bolsa de valores, assalto seguido de morte em um semáforo próximo da sua residência, crianças molestadas por um maníaco que atraia suas vitimas através da internet, corrupção no governo, ataques terroristas no Oriente Médio e derrota do seu time no fim de semana. Logo em seguida o novo folhetim de Manoel Carlos. Zé imagina como deve ser boa a vida de um dos personagens principais vivido pelo ator José Mayer, rico, bonito, agarrando a Tais Araujo, quem dera se a dele e de milhões de brasileiros fosse assim.
Após o jantar sua esposa reclama da sua ausência últimos eventos e celebrações familiares. Ao se deitar após o dia atribulado tenta recordar-se da última vez que realmente teve paz em toda a sua rotina de bom pai de família e rapaz trabalhador.

Na ausência de opções para diminuir as angustias do dia, José da Silva resolve divertir-se em jogos eletrônicos, e em trocas de mensagens on-line. Antes de ir dormir não pode esquecer de programar o seu despertador digital e escolher qual será a trilha sonora para acordá-lo

O bombardeio de informações ao quais todos nós somos submetidos, senhas para todos os tipos de serviços, nos remete ao pensamento filosófico sobre as origens e as razões de nossa existência. Na pré - história o homem vivia da caça predatória a mulher tinha como missão educar os filhos e preparar os alimentos. O avanço tecnológico a partir do século XX , nos transformou assim como Zé em “prisioneiros tecnológicos”, e totalmente dependentes de todo o tipo de parafernália eletrônica.

No dia 10/11/2009, o “apagão” gerou em José Da Silva Santos De Souza um pensamento de como seria se não tivéssemos a disposição tantos adventos tecnológicos pós - modernos para nos facilitar no dia-dia, para José ficou uma sensação de que ao menos o dialogo familiar estaria de volta nos lares brasileiros.

Alexandre Souza é jornalista, escritor e posta os seus artigos no blog:
http://conversadebuteco-alexandre.blogspot.com/